28 de fevereiro de 2013

"Não é mais possível dizer que não sabíamos", diz Philip Low


"Não é mais possível dizer que não sabíamos", diz Philip Low

Neurocientista explica por que pesquisadores se uniram para assinar manifesto que admite a existência da consciência em todos os mamíferos, aves e outras criaturas, como o polvo, e como essa descoberta pode impactar a sociedade

Marco Túlio Pires
Estruturas do cérebro responsáveis pela produção da consciência são análogas em humanos e outros animais, dizem neurocientistas (Thinkstock)


O neurocientista canadense Philip Low ganhou destaque no noticiário científico depois de apresentar um projeto em parceria com o físico Stephen Hawking (http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/com-a-ajuda-de-cientistas-stephen-hawking-podera-usar-a-mente-para-se-comunicar), de 70 anos. Low quer ajudar Hawking, que está completamente paralisado há 40 anos por causa de uma doença degenerativa, a se comunicar com a mente. Os resultados da pesquisa foram revelados no último sábado (7) em uma conferência em Cambridge. Contudo, o principal objetivo do encontro era outro. Nele, neurocientistas de todo o mundo assinaram um manifesto (http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/quase-humanos) afirmando que todos os mamíferos, aves e outras criaturas, incluindo polvos, têm consciência. Stephen Hawking estava presente no jantar de assinatura do manifesto como convidado de honra.

Leia mais: Entenda o manifesto que afirma a existência da consciência em todos os mamíferos, aves e até polvos. (http://fcmconference.org/img/CambridgeDeclarationOnConsciousness.pdf)
                 Philip Low: "Todos os mamíferos e pássaros têm consciência"


Low é pesquisador da Universidade Stanford e do MIT (Massachusetts Institute of Technology), ambos nos Estados Unidos. Ele e mais 25 pesquisadores entendem que as estruturas cerebrais que produzem a consciência em humanos também existem nos animais. "As áreas do cérebro que nos distinguem de outros animais não são as que produzem a consciência", diz Low, que concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:

Estudos sobre o comportamento animal já afirmam que vários animais possuem certo grau de consciência. O que a neurociência diz a respeito? Descobrimos que as estruturas que nos distinguem de outros animais, como o córtex cerebral, não são responsáveis pela manifestação da consciência. Resumidamente, se o restante do cérebro é responsável pela consciência e essas estruturas são semelhantes entre seres humanos e outros animais, como mamíferos e pássaros, concluímos que esses animais também possuem consciência.

Leia mais: A íntegra, em inglês, do manifesto que afirma a existência da consciência em todos os mamíferos, aves e outras criaturas, como polvos.


Quais animais têm consciência? Sabemos que todos os mamíferos, todos os pássaros e muitas outras criaturas, como o polvo, possuem as estruturas nervosas que produzem a consciência. Isso quer dizer que esses animais sofrem. É uma verdade inconveniente: sempre foi fácil afirmar que animais não têm consciência. Agora, temos um grupo de neurocientistas respeitados que estudam o fenômeno da consciência, o comportamento dos animais, a rede neural, a anatomia e a genética do cérebro. Não é mais possível dizer que não sabíamos. 

É possível medir a similaridade entre a consciência de mamíferos e pássaros e a dos seres humanos? Isso foi deixado em aberto pelo manifesto. Não temos uma métrica, dada a natureza da nossa abordagem. Sabemos que há tipos diferentes de consciência. Podemos dizer, contudo, que a habilidade de sentir dor e prazer em mamíferos e seres humanos é muito semelhante. 


Que tipo de comportamento animal dá suporte à ideia de que eles têm consciência? Quando um cachorro está com medo, sentindo dor, ou feliz em ver seu dono, são ativadas em seu cérebro estruturas semelhantes às que são ativadas em humanos quando demonstramos medo, dor e prazer. Um comportamento muito importante é o autorreconhecimento no espelho. Dentre os animais que conseguem fazer isso, além dos seres humanos, estão os golfinhos, chimpanzés, bonobos, cães e uma espécie de pássaro chamada pica-pica. 


Quais benefícios poderiam surgir a partir do entendimento da consciência em animais? Há um pouco de ironia nisso. Gastamos muito dinheiro tentando encontrar vida inteligente fora do planeta enquanto estamos cercados de inteligência consciente aqui no planeta. Se considerarmos que um polvo — que tem 500 milhões de neurônios (os humanos tem 100 bilhões) — consegue produzir consciência, estamos muito mais próximos de produzir uma consciência sintética do que pensávamos. É muito mais fácil produzir um modelo com 500 milhões de neurônios do que 100 bilhões. Ou seja, fazer esses modelos sintéticos poderá ser mais fácil agora. 


Qual é a ambição do manifesto? Os neurocientistas se tornaram militantes do movimento sobre o direito dos animais? É uma questão delicada. Nosso papel como cientistas não é dizer o que a sociedade deve fazer, mas tornar público o que enxergamos. A sociedade agora terá uma discussão sobre o que está acontecendo e poderá decidir formular novas leis, realizar mais pesquisas para entender a consciência dos animais ou protegê-los de alguma forma. Nosso papel é reportar os dados. 


As conclusões do manifesto tiveram algum impacto sobre o seu comportamento? Acho que vou virar vegano. É impossível não se sensibilizar com essa nova percepção sobre os animais, em especial sobre sua experiência do sofrimento. Será difícil, adoro queijo. 


O que pode mudar com o impacto dessa descoberta? Os dados são perturbadores, mas muito importantes. No longo prazo, penso que a sociedade dependerá menos dos animais. Será melhor para todos. Deixe-me dar um exemplo. O mundo gasta 20 bilhões de dólares por ano matando 100 milhões de vertebrados em pesquisas médicas. A probabilidade de um remédio advindo desses estudos ser testado em humanos (apenas teste, pode ser que nem funcione) é de 6%. É uma péssima contabilidade. Um primeiro passo é desenvolver abordagens não invasivas. Não acho ser necessário tirar vidas para estudar a vida. Penso que precisamos apelar para nossa própria engenhosidade e desenvolver melhores tecnologias para respeitar a vida dos animais. Temos que colocar a tecnologia em uma posição em que ela serve nossos ideais, em vez de competir com eles.




16 de fevereiro de 2013

Invadir um domicílio para socorrer animais é legal?



O direito que nos assiste quando expressamos o nosso inconformismo com o crime é o mesmo que se transforma em dever da autoridade pública em averiguá-lo, pois o cidadão espera dos órgãos de governo a proteção necessária contra o crime e a violência.

Muitas pessoas já sentiram tristeza e indignação quando ouviram o cão do vizinho uivando ou latindo, ou o miado do gato abandonado, expressando solidão, fome, angústia, dor e desespero pelas crueldades sofridas.

No último final de ano, um gato preso entre a janela e a rede de proteção de um apartamento no 15º andar do Edifício Paquita, em Higienópolis, região central da capital paulista, sem água e sem comida, chamou a atenção da mídia e ganhou destaque nos principais jornais e grandes portais de Internet. A foto do gato foi publicada, pela primeira vez, no início da tarde do dia 1° de janeiro, pelo estadao.com.br. Foram feitos pedidos de socorro ao Corpo de Bombeiros e à Polícia Militar, sem êxito.

O síndico do prédio, sabendo que os responsáveis pelo gato abandonado viajaram para o Rio de Janeiro, sentiu-se na obrigação de invadir o asilo inviolável para prestar socorro ao animal. As pessoas que se preocupam com o bem-estar dos animais sentiram-se vitoriosas.

A Constituição Brasileira declara, no seu artigo 5º, XI, que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”                                        

Nada existe no nosso ordenamento jurídico que nos leve a entender que esta norma tenha por destino a prestação de socorro, exclusivamente, ao animal humano. Não tem fundamento e é arbitrária qualquer restrição ao texto constitucional, pois o próprio artigo 225, §1º, inciso VII, afirma incumbir ao Poder Público a vedação das práticas que submetam os animais à crueldade.

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” e que “para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade”.

Deixar um animal sem água e sem comida, preso entre a janela e a rede de proteção de um apartamento, durante vários dias, é submetê-lo à crueldade, é condená-lo à morte, é crime. De que maneira poderá o Poder Público, em obediência à Constituição, proteger este animal ou vedar a submissão dele à crueldade ou à morte sem socorrê-lo? É dever do Poder Público, fazendo uso de uma das exceções constitucionais ao princípio da inviolabilidade do domicílio, prestar socorro imediato ao animal.

Devemos lembrar, ainda, que o Código Penal, em seu artigo 150, §3º, inciso II, afirma “não constituir crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências, a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser”.

Algumas providências acautelatórias devem ser tomadas para que não venha a ser configurada a violação de domicílio. Em companhia de duas testemunhas, abra a porta da casa com um chaveiro e, depois da prestação do socorro, feche-a. No próprio local, lavre um termo descrevendo as condições em que se encontrava o animal, assine e colha as demais assinaturas. Comunique o ocorrido na circunscrição policial e leve o animal para ser atendido e examinado numa clínica veterinária. “Manter-se inerte diante de um ato de maus-tratos é conduta moralmente censurável, que só faz crescer a audácia do malfeitor”, conforme nos faz lembrar o brilhante Promotor de Justiça de São José dos Campos – São Paulo, Laerte Fernando Levai, em sua obra Direito dos Animais.



Trapezewerk: On the top! - Trapézio para Gatos

12 de fevereiro de 2013

DÊ UM POUCO DE AMOR - AD KŘIŽOVATKA



O mundo  poderia ser um lugar maravilhoso para se viver, se cada um de nós se propusesse a fazer algo pelo próximo, às vezes  basta um pequeno gesto, uma palavra ou até mesmo um simples olhar e a mágica acontece.

Muitas vezes achamos que não adianta esse pequeno gesto em um mundo de individualidade e falta de compaixão pela vida , nos enganamos, faça esse  gesto e verá o mundo à sua volta se transformar.

Quase  todos nós  usamos a infeliz frase “ eu não posso mudar o mundo” será que não? Ao mudar o “mundo” de alguém seja humano ou não humano estamos mudando aquele mundo.

Amor, compaixão e solidariedade transforma-se nessa mesma energia quando a damos pelo simples  fato de “dar” compartilhar.

Lembrem-se, as ações falam mais alto que palavras.

E nossas ações podem mudar o “mundo”.

10 de fevereiro de 2013

Gatos são torturados em experimento chocante nos EUA


Experiências tortuosas em gata na Universidade de Winsconsin-Madison. Foto: PETA

Há décadas, gatos vêm sendo aprisionados, cortados e mortos para experimentos cruéis e inúteis de “localização de som” na Universidade de Wisconsin–Madison, nos Estados Unidos.

Quando a ONG PETA descobriu que os envolvidos tiraram fotos para documentar este abuso, foi exigido que a universidade liberasse as fotos. Sabendo que o público irá ficar furioso quando a verdade viesse à tona, a universidade lutou para manter esta crueldade em segredo por mais de três anos, mas um processo jurídico fez a universidade apresentar as imagens. A PETA agora possui várias imagens inéditas mostrando a vida miserável e morte de gatos como “Double Trouble” (Problema Duplo em português), que sofreu por meses como cobaia neste experimento.

De acordo com os registros obtidos pelo PETA, Double Trouble foi submetida a várias cirurgias invasivas em seus olhos, orelhas e cérebro. Na primeira operação, bobinas de aço foram implantadas em seus olhos e um poste de aço inoxidável foi anexado em seu crânio para que sua cabeça pudesse permanecer imóvel durante os experimentos. Na cirurgia seguinte, Double Trouble teve seu crânio aberto por furadeiras para que eletrodos pudessem ser introduzidos em seu cérebro. Os cientistas então aplicaram uma substância tóxica dentro de suas orelhas para ensurdecê-la, e implantes elétricos foram introduzidos no fundo de seus ouvidos.

Registros mostram que a gata acordou da anestesia durante a cirurgia e que estava com dor enquanto os cientistas abriam seu crânio. Outro gato também acordou da anestesia durante uma cirurgia.

Após as cirurgias, a gata foi submetida a sessões experimentais em que sua cabeça foi fixada e ela foi colocada em um saco de nylon e forçada a escutar sons vindo de várias direções. Double Trouble não recebia comida por vários dias antes das sessões para que ela fosse forçada a cooperar em troca de um pouco de comida.

A sua saúde logo se deteriorou. Registros mostram que ela foi vista se contorcendo, o que as anotações clínicas indicavam que era “um sinal neurológico”. Sua face ficou parcialmente paralisada e os ferimentos em sua cabeça nunca curaram. Mais de três meses após sua última cirurgia, os registros descrevem que seus ferimentos como “abertos, úmidos, com secreção de pus e sangue, com inchaço moderado”.

Uma infecção resistente a antibióticos surgiu devido aos ferimentos, mas os experimentos continuaram mesmo assim por dois meses. Uma das últimas anotações nos registros de Double Trouble informa que ela está “aparentemente deprimida”. No fim, ela foi sacrificada e decapitada para que os cientistas pudessem analisar seu cérebro.

Cientistas justificaram o uso de 30 gatos por ano não porque os experimentos resultariam em melhoras para a saúde humana, mas porque “precisavam manter um registro produtivo de publicações que assegurassem constante recebimento de verbas”.

Porém, nenhuma publicação foi vista em nenhuma revista científica como resultado do sofrimento de Double Trouble. Correspondências entre cientistas da universidade e seus colaboradores reconhecem que houve um problema com a cirurgia de Double Trouble, e o experimento foi um fracasso.

Este experimento é parte de um grande projeto que recebeu mais de 3 milhões de dólares, vindos dos impostos pagos por cidadãos, e tem colaboração dos Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health – NIH), que declararam que o propósito do experimentos era entender como o cérebro determina a localização de um som. Mas pesquisadores de instituições no mundo todo já usam métodos modernos com pessoas voluntárias para investigar esta questão.

A PETA entrou em contato com policiais federais para investigar a vida e morte de Double Trouble e para que ações sejam tomadas contra a universidade por várias violações de leis federais de bem estar animal.













ASSISTA O VÍDEO

Texto sobre as pesquisas:

IMAGENS:
PETA