É possível usar alternativas que preservem a vida basta querer.
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um programa de computador que pode substituir o sacrifício de animais durante as aulas de fisiologia.
O programa pode substituir o uso de animais nas aulas práticas de Fisiologia e Biofísica, ministradas nos cursos de Medicina, Ciências Biológicas, Enfermagem e Educação Física.
Os estudantes que usaram o simulador acertaram mais questões, enquanto o outro grupo teve mais dificuldades em responder às questões cognitivas. Foto: Francisco Cubo/ Antoninho Perri
Rã virtual
O software educacional, chamado Fisioprat, simula o mesmo procedimento tradicionalmente feito em rãs durante as aulas, mas de forma interativa e lúdica e sem a necessidade de sacrificar o animal.
Além disso, o simulador complementa o ensino fornecendo conteúdo adicional que melhora o aprendizado.
“O objetivo foi justamente propor uma alternativa ao uso de animais sem que o ensino fosse prejudicado,” explica o biólogo Francisco Cubo Neto, que desenvolveu o simulador sob a orientação do professor Miguel Arcanjo Areas.
O software está em processo de patenteamento e, segundo o biólogo, não existem no Brasil produtos semelhantes.
Sacrifício dos animais
Em geral, o uso de rãs ocorre nas aulas práticas para avaliação dos reflexos medulares mediante estimulação química e mecânica. São conceitos importantes para a disciplina, passados a partir de uma aula teórica.
Na sequência, no laboratório, os alunos visualizam como ocorrem os reflexos com o animal intacto e, depois, repetem o mesmo experimento com o modelo animal com a medula lesionada.
“A compreensão do conteúdo é fundamental e, até então, não existia outra forma de demonstrar o mecanismo a não ser utilizando o modelo animal. Por isso, o Fisioprat constitui mais uma opção, além do que abarca todos os temas ensinados na aula,” esclarece Miguel.
Simulação eficaz
Segundo ele, o programa tem como adicional, em relação às aulas tradicionais, uma tela de exercícios, que aparece em cada tópico com o objetivo de reforçar as explicações.
Também foram incluídas resoluções de estudos de casos para que se avaliasse o nível de absorção do conteúdo por parte dos alunos. Em cada uma das telas é dado um feedback para o aluno.
Por fim, são feitas as incisões nas partes do animal por meio de animação gráfica, com a vantagem de se poder repetir o experimento por várias vezes para melhor fixação do conceito.
“Quando a aula é feita no laboratório, existe a possibilidade de que algo possa dar errado. Por exemplo, a anestesia mal aplicada pode comprometer o experimento e o animal não responder aos estímulos ou morrer. Com isso, é preciso utilizar outro animal”, esclarece.
Avaliação
O simulador foi testado com quatro turmas de cursos oferecidos pela Unicamp. Participaram estudantes de duas turmas de Biologia, uma de Medicina e outra de Enfermagem.
Todos, num total de 127 estudantes, fizeram a aula teórica normalmente como ocorre no método convencional. Em seguida, os estudantes foram separados em dois grupos: um grupo realizou a aula prática tradicional, com o modelo animal, enquanto o outro realizou a aula prática com o Fisioprat.
Para avaliar o nível de influência no aprendizado ao se utilizar a nova metodologia, foi aplicado um questionário, ao final da aula prática para os dois grupos.
Os resultados apontaram que o Fisioprat cumpre seus objetivos, pois as notas mais altas foram observadas no grupo que utilizou o software. Ou seja, o grupo que usou o simulador acertou mais questões, enquanto o outro grupo teve mais dificuldades em responder às questões cognitivas.
O biólogo acredita que o programa ainda pode ser melhorado.
O mais importante, porém, é que a iniciativa abre caminho para que outras metodologias substituam o uso de animais nas aulas práticas.
Fonte: Inovação Tecnológica/ Enviado por Ieda Denise Elste
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