27 de outubro de 2012

SOMOS TODOS GUARANI-KAIOWÁ


SOMOS TODOS  GUARANI-KAIOWÁ
                                   Amara Antara
Eu sou indígena, negra e branca. Nasci com a pele da cor branca e com os costumes dos brancos, porém em minhas veias corre o sangue dessas etnias e  provavelmente até da “raça” amarela.

Coube-me nesta vida vir entre os da raça branca, mas meus ancestrais (bisavós) eram  índios e negros, quando nasci a sabedoria dessas “raças” já  não faziam parte do meu aprendizado neste mundo.

Dizem que nasci livre da escravidão que os homens impuseram a alguns irmãos meus, porém o que é ser livre?

Continuo na escravidão imposta pelos interesses dos que “mandam” no Brasil e no “mundo”, somos escravos da moda, dos costumes retrógrados, escravos da mídia que em nome do progresso nos escravizam para agradar e conservar interesses de poucos, somos escravos da indústria farmacêutica, somos escravos do mundo globalizado.

Vivemos na escravidão, até mesmo do nosso “sagrado” alimento, hoje se decide qual é o alimento mais saudável para termos a propalada saúde, infelizmente os alimentos que a “moda” dita para consumirmos vem carregados de dor, sofrimento e morte. Produtos químicos de toda espécie, para  ajudar a produzir mais, conservar mais e claro produzir mais e mais, vamos nos alimentar dos transgênicos que   supostamente estarão livres das “pragas” (aliás pragas que criamos com o desmatamento), como oferecer esse alimento geneticamente modificados para nossas crianças  e até mesmo correr o risco de ver nosso DNA modificado.  

Os que estão no poder são coniventes com uma série de atrocidades contra a nossa saúde física e mental, pretendem colocar carne suína na alimentação das escolas, dita os interesses pessoais que ela é saudável, possui as vitaminas X e Y, assim vamos aumentar a renda e interesses dos que já tem muito.

Li uma frase de uma moça que dizia: “Não sou descendente de escravos, sou descendente de seres humanos que foram feito escravos”.  Não nascemos escravos nos fizeram escravos dos interesses do “mundo”, do interesse de poucos contra a qualidade de vida e liberdade de muitos.

Quem me dera ter nascido nas tribos Arara, Araweté, Ashaninka, Asurini, Bororo, Enawenê, Marubo, Matis, Matipu, Mehinako,  Rikbaktsa , Nauê,        Suruí,Tembé, Juruna/Yudja, Ticuna, Kaapor, Tiriyó , Kayapó, Waiana Apalaí, Kalapalo, Waurá , Karajá, Wai Wai, Kaxinawá, Waiãpi, Mayoruna, Krahô, Ye’kuana, Karajá, Pataxó, Terena, Xavante, Yanomani, ou Guarani-Kaiowá etc.

 Quem me dera apanhar o alimento necessário para meu viver diário, quem me dera andar descalça sem me preocupar com o modelo da “moda” para “vestir” meus pés.
Quem me dera andar nua, livre da moda que escraviza, quem me dera andar nua dos conceitos do “bom viver”, quem me dera caminhar nua da imposição dos que são considerados os formadores de opinião do “mundo”. Quem me dera conhecer os segredos e avisos das matas, dos pássaros, dos animais, quem me dera viver em comunhão com a Natureza, com a Mãe Terra, com o Cosmos e todas as formas de vida.

Quem me dera possuir a sabedoria centenária dos indígenas, quem me dera ser um Guarani-Kaiowá, respeitar minhas tradições, respeitar não somente a Natureza, mais também a “natureza humana”, respeitando as crianças, a sabedoria dos anciões, respeitar o mais importante elo do ser humano neste mundo: a família, respeitar não somente a família consanguínea, mas a família Cósmica, afinal somos TODOS UM PERANTE O COSMOS.

Eu queria ser um Guarani-Kaiowá, eu sonho com a Paz para todas as nações indígenas do Brasil e do mundo.

Afinal em essência somos todos GUARANI-KAIOWÁ

PARA REFLETIR:

TRANSGÊNICOS: VEGETAIS ALTERAM GENES HUMANOS

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